O que é Big Tech?
O que é conhecido como Big Tech consiste em algumas empresas multinacionais de tecnologia que acumularam uma quantidade significativa de poder no mercado de tecnologia e além. Atualmente, a lista é dominada por The Big Five – Facebook (Meta), Google, Amazon, Apple e Microsoft.
Embora essas empresas possuam a maioria dos serviços online que usamos, sua consolidação de poder é objeto de debate aberto. Os críticos geralmente condenam as empresas de Big Tech por seu flagrante acúmulo de dados, manipulação de mercado e opinião, falta de tratamento transparente de dados de usuários e algoritmos tendenciosos.
Governos x Big Tech
A relação do governo com a Big Tech varia de país para país. Enquanto temos a abordagem liberal, americana, vale tudo, que de certa forma deu lugar ao domínio da Big Tech, os mercados europeus gradualmente introduziram legislação restritiva para reduzir seu poder em favor da transparência.
No entanto, existe uma linha tênue entre a regulação e a limitação do mercado livre. Isso é especialmente evidente nos casos em que governos autoritários imitam as práticas das regulamentações dos países democráticos e as adaptam aos seus próprios propósitos maléficos.
Tentativas de conter o poder da Big Tech para o bem dos usuários
Vejamos algumas iniciativas bem-intencionadas para conter o poder da Big Tech para uma internet mais aberta e transparente.
O Regulamento Geral de Proteção de Dados
O Regulamento Geral de Proteção de Dados, ou GDPR, é um importante regulamento de privacidade da Europa implementado em 2018. Seu principal objetivo é aumentar o controle dos usuários sobre seus dados e simplificar os requisitos regulatórios para empresas internacionais. Introduz requisitos para o tratamento dos dados pessoais dos clientes pelas empresas e aborda a transferência de dados pessoais para fora da área da Europa.
O GDPR foi um passo significativo para conter o acúmulo e o uso indevido de dados pessoais por sites e serviços online.
HR 3825, Lei de Monopólios da Plataforma Final
Este projeto de lei, aprovado no ano passado, proíbe os detentores de plataformas de competir na mesma plataforma. Um dos casos mais famosos dessa questão foi a tentativa da Amazon de comprar a Diapers.com. Quando este último se recusou a vender, a Amazon começou a vender fraldas a preços muito baixos porque, como proprietária da plataforma, podia fazê-lo. No final, a Diapers.com se permitiu ser comprada pela Amazon por medo de fechar o negócio.
As investigações da Europa sobre a Apple
Há alguns anos, a Europa lançou duas investigações antitruste sobre as práticas da Apple. Um focou no uso da Apple de seu domínio de mercado para sufocar a concorrência com seus serviços de livros e música. A outra se concentrou no Apple Pay, permitindo pagamentos por dispositivos Apple em lojas físicas e limitando o uso de tecnologias de radiofrequência de campo próximo por parte das instituições financeiras.
Ordem Executiva 14036, “Promovendo a Competição na Economia Americana”
Uma das iniciativas mais recentes estabeleceu uma política que permite aos diversos órgãos federais fiscalizarem mais detalhadamente as fusões de empresas. Ele se concentra em grandes empresas que adquirem tecnologias potencialmente disruptivas de empresas menores. A lei também estabeleceu regras para coleta de dados e seu uso na promoção de serviços de Big Tech.
A Lei de Serviços Digitais (DSA)
O DSA exige que as grandes empresas produzam relatórios detalhados sobre sua moderação de conteúdo, aplicação de algoritmo, recomendação e práticas de publicidade. A lei estabelece que os usuários devem ser imediatamente notificados sobre as decisões de moderação e munidos de ferramentas para recorrer. No entanto, ainda é uma questão em aberto se o DSA não se tornará uma ferramenta para remover conteúdo sem uma ordem judicial e introduzir novas maneiras de limitar a liberdade de expressão.
A Lei dos Mercados Digitais
A Lei de Mercados Digitais da Europa reclassifica certos serviços online como gatekeepers. Ele proíbe essas empresas de classificar seus produtos em relação aos dos concorrentes e pré-instalar seus aplicativos nos dispositivos dos usuários. Também tenta melhorar as condições de portabilidade de dados, a capacidade dos usuários de mover livremente seus dados de um serviço para outro. A lei visa introduzir mais transparência e concorrência mais justa no mercado, garantindo interoperabilidade e contabilidade aos usuários.
Lei de Gerenciamento de Serviços Audiovisuais de Internet de Taiwan
A IASMA de Taiwan visa controlar as plataformas de streaming e criar mais transparência no mercado. Exige que certas empresas forneçam dados sobre estatísticas e receitas dos usuários, bem como estabeleçam mecanismos de reclamação mais fáceis de usar. A lei também foi introduzida para diminuir a influência dos serviços de streaming chineses no país e a consequente disseminação de desinformação.
Multas nas redes sociais
Além de leis específicas, também foram vistos casos de governos multando grandes empresas de tecnologia. Nos últimos anos, a França multou o Google em 100 milhões de euros e a Amazon em 35 milhões de euros por violar a lei de proteção de dados do país. A Itália também multou seus provedores de telecomunicações locais por processamento ilegal de dados. No entanto, alguns argumentam que as multas não são uma maneira eficaz de diminuir o poder da Big Tech porque são impostas por ações passadas e não evitam problemas futuros.
Tentativas de conter o poder da Big Tech em relação à opressão e vigilância
Embora os exemplos acima ilustrem tentativas de boa vontade para conter a Big Tech, também há casos em que isso acontece para aumentar a opressão e a vigilância e limitar a liberdade de expressão. Governos autoritários como China ou Bielorrússia costumam interceptar as atividades de empresas de tecnologia para coletar dados sobre seus alvos e monitorar suas atividades. No entanto, práticas semelhantes ocorrem ocasionalmente em sociedades democráticas.
Às vezes, os países tentam impor suas próprias regras e leis locais para poder encerrar as atividades de plataformas globais que não cumprem suas leis. Portanto, restringir a Big Tech não apenas leva positivamente à transparência, mas também cria um potencial maior de monitoramento e vigilância.
Prós e contras da regulamentação de tecnologia
A Freedom House publicou alguns insights sobre o esforço dos governos para controlar a Big Tech. Aqui estão as melhores e piores práticas.
Melhores Práticas
Transparência na moderação de conteúdo, publicidade e uso de dados
Criptografia forte e padrões de privacidade
Processo justo claro em relação ao recurso
Proteções contra a responsabilidade do intermediário
Obrigações adaptadas ao tamanho das empresas
Piores práticas
Requisitos para remover conteúdo social, político ou religioso
Requisitos para entregar dados sem ordem judicial
Regras amplas para localização e retenção de dados
Mandatos para moderação automática de conteúdo
Representante no país e requisitos para registro