Para explicar melhor o mecanismo de ação da Leucina no corpo do praticante de musculação, teremos que explicar um pouco mais sobre a proteína.
A proteína é formada por unidades chamadas de aminoácidos, e podemos dizer que a proteína é uma sequência de aminoácidos agrupados com extrema precisão[2].
Os aminoácidos que o nosso organismo utiliza para formar as proteínas do nosso corpo, podem ser encontrados nos alimentos que ingerimos. Temos basicamente dois grupos de aminoácidos: os aminoácidos essenciais e os não-essenciais.
As proteínas contidas nos alimentos que ingerimos, são formadas por cerca de vinte aminoácidos, mas nove desses aminoácidos são considerados essenciais, pois o nosso corpo não é capaz de produzi-los, e devemos obrigatoriamente ingeri-los todos os dias em nossas refeições[3].
Os nove aminoácidos essenciais são: histidina, isoleucina, Leucina, lisina, metionina, fenilalanina, treonina, triptofano e valina[3].
A grosso modo, podemos dizer que nossos músculos são formados por proteína, pois esses vinte aminoácidos que comentamos acima, são utilizados para compor a nossa proteína muscular[4].
A partir desse momento, já podemos elaborar uma pergunta que será importante para entender o restante dessa matéria:
► “Se a nossa proteína muscular é composta por esses vinte aminoácidos, porque seria importante ingerir a Leucina sozinha de forma isolada?”
Para começar a responder essa pergunta, precisamos primeiro de uma breve explicação sobre a síntese proteica.
A síntese proteica pode ser traduzida em “produção de proteína”, que ocorre num processo em que o nosso organismo organiza de forma precisa os aminoácidos necessários para formar uma determinada proteína[5].
Em indivíduos considerados magros (baixo % de gordura), a musculatura esquelética representa cerca de 50% do peso corporal, ela é a responsável pela nossa locomoção e movimentação[6]. É a nossa musculatura esquelética que treinamos em uma seção de musculação.
Nossos músculos esqueléticos são compostos por proteínas estruturais, miosina, actina e demais enzimas mitocondriais. E o processo que mantem a nossa proteína muscular, também é a síntese de proteínas[6].
Podemos dizer, desta forma, que o processo de crescimento muscular que buscamos nas academias, é desencadeado no pós-treino através da síntese proteica.
Vários hormônios podem influenciar a síntese proteica muscular, como a insulina[7], GH e IGF-1[6].
Mas o hormônio “queridinho” dos praticantes de musculação é sem dúvida a testosterona, que é apontada como a responsável pelo aumento da massa muscular esquelética via estimulação da síntese de proteína muscular[8].
Agora sabemos, portanto, que a síntese proteica é essencial para quem deseja praticar musculação e obter crescimento de massa muscular, e sabemos também o que ela representa.
Podemos concluir com isso, que a proteína que origina a síntese proteica é mesmo importante para o praticante de musculação, e que ingerir doses diárias corretas de proteína em nossas refeições é indicado, pois assim teremos todos os aminoácidos necessários para que nosso crescimento muscular aconteça.
Mas a pergunta sobre a importância de ingerir a Leucina de forma isolada ainda persiste, e agora temos as condições para responde-la.
Apesar de todos os aminoácidos terem a sua importância na síntese de proteínas, a Leucina parece ser o “gatilho” inicial que dispara todo o processo de síntese proteica[9]. São vários os estudos que apontam uma importância significativa da Leucina nesse processo[10,11,12].
Hoje em dia, já se sabe da existência de uma substância chamada mTOR (mammalian target of rapamycin). Essa substância é responsável pelo controle de muitas funções celulares, atuando inclusive no crescimento geral do nosso corpo[13,14].
O mTOR regula diversos processos relacionados com a síntese proteica[15], e a Leucina demonstrou estimular a via de sinalização anabólica do mTOR[16].
Por esse motivo, a Leucina é cotada hoje como um aminoácido funcional,