O guia sobre jejum intermitente

O termo jejum intermitente é considerado uma novidade para a população brasileira no geral, no entanto, cada vez mais pessoas têm se “aventurado” nessa estratégia dietética, motivadas principalmente por propagandas divulgadas nas mídias sociais.

Porém, quando feito de forma desorganizada pode acarretar carências nutricionais e perda de massa muscular.

 

Genética e evolução

 

Levando em consideração que a nossa carga genética é a mesma desde cerca de 25.000 anos atrás, época em que a espécie humana caçava e passava horas e até dias sem comer até encontrar algum animal para se alimentar, fica fácil de compreender o porque do aumento atual da obesidade, diabetes e cardiopatias.

Isso se dá pela reduzida demanda de exercício físico, pois especialmente no Brasil, metade da população adulta é considerada sedentária.

Para agravar, com os adventos da tecnologia, as pessoas não precisam mais caçar para se alimentar, já que podem pedir uma pizza pelo telefone e pagar com cartão sem sair de casa. Temos então pouco gasto calórico e muito consumo calórico.

 

Jejum na ciência

 

Para o nutricionista, jejum é um assunto que consta na grade curricular da faculdade, aparecendo em disciplinas mais ligadas aos hábitos alimentares populacionais de cunho religioso, que tradicionalmente costumam realizar essa prática.

Na literatura científica existem trabalhos demonstrando uma ligação positiva em ingerir quantidades menores de energia diária do que a habitualmente recomendada, com impacto positivo para a saúde e longevidade (CRUZEN et al., 2009; ANTON e LEEUWENBURGH, 2013).

 

Jejum na tradição histórica

 

O jejum, ou a abstinência voluntária da ingestão de alimentos dentro de um período em específico, é uma prática bem conhecida em tradições religiosas e espirituais. É citado no velho testamento, nos textos antigos do Alcorão e no Mahabharata, por exemplo.

Tipicamente, o jejum é alcançado ingerindo-se pouca ou nenhuma bebida calórica por períodos que variam de 12 horas a 3 semanas.

Os muçulmanos esperam o pôr do sol durante o mês de Ramadan para começarem a se alimentar, podendo fazê-lo até o nascer do sol, quando começa o ciclo do jejum novamente. Cristãos, judeus, budistas e hindus costumam fazem o jejum em dias ou períodos designados (TREPANOWSKI et al., 2010).

 

Técnica em estudo

 

Para o tratamento da obesidade, existe um estudo de caso clássico publicado no Postgraduate Medical Journal por Stuart e Fleming na década de 70, no qual um indivíduo em ambiente hospitalar ficou em jejum controlado por 382 dias, começando o tratamento com 207kg e terminando com 81kg, ou seja, menos 126kg de perda no total, tendo uma média de 330g de peso perdido por dia.

Ao final, os autores comentam que o jejum é uma estratégia que funciona no tratamento da obesidade.

Essa técnica está sendo cada vez mais estudada em artigos científicos, tanto com animais quanto com humanos com vistas a diferentes objetivos, entre eles, o tratamento da obesidade, a melhora na sensibilidade à insulina, o controle do diabetes e da dislipidemia, bem como a mudança na composição corporal em atletas e pessoas fisicamente ativas.

Em artigo publicado em 2015, a Academia de Nutrição e Dietética (ADA) faz uma revisão da literatura acerca dos efeitos do jejum intermitente em seres humanos e seus diferentes protocolos.

A tabela abaixo faz um comparativo dos tipos diferentes existentes.

 

Mecanismos do jejum intermitente

 

Os mecanismos do jejum intermitente ligados aos benefícios à saúde podem ter uma relação com o nosso controle central e o ciclo circadiano, que regula a temperatura corporal, a taxa metabólica basal, bem como o centro de controle da fome e saciedade.

Nosso relógio biológico mestre está localizado no núcleo supraquiasmático do hipotálamo e tem como estímulo a luz e a ausência dela (escuro), fazendo regular o nosso sono, secreção hormonal, coordenação motora e processo digestório.

Esse relógio pode ser influenciado pelo fígado e tem a alimentação como maior regulador.

 

Existe a hipótese de que a desincronização entre os núcleos supraquiasmáticos, relógio mestre e circadiano periférico altera o balanço energético, levando a um aumento do risco de doenças crônicas.

 

Alguns regimes de jejum intermitente e alimentação com restrição de tempo podem impor um ritmo diurno na ingestão de alimentos e gerar oscilações na expressão gênica e reprogramar os mecanismos moleculares que regulam o metabolismo energético e o peso corporal.

 

Em situações de resistência a insulina, hiperglicemia e dislipidemia relacionadas com a obesidade, a estratégia do jejum intermitente pode ser uma alternativa dietética para o paciente resistente ao tratamento hipocalórico tradicional.

Para as pessoas que procuram o efeito estético de redução de gordura corporal, o jejum intermitente também pode ser uma estratégia, mas sempre com a devida orientação de um profissional experiente.

É importante salientar que a prática do jejum não é superior a uma restrição calórica tradicional.

Dessa forma, o nutricionista deve calcular e prescrever a estratégia dietética em conjunto com o paciente para que seja viável e alcance os resultados desejados.

 

 

 

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