Neste artigo, vou contar a vocês uma história sobre meus pais, como eles entraram no mundo da tecnologia e o que isso exigiu de mim. No final de cada seção, tentarei resumir os pontos principais e dar algumas dicas para aqueles que procuram inserir os pais com segurança neste universo tecnológico.
Como comecei com a tecnologia
Eu lembro do dia que comprei meu primeiro smartphone. Eu o trouxe para casa e mostrei a minha mãe. Minha mãe tentou mexer no aparelho e disse: parece ótimo, mas cadê o teclado? Ele então tentou usá-lo e disse que preferia ficar com seu Nokia com teclado numérico confiável.
Minha familia não são nativos digitais. Na verdade, eles só começaram a usar computadores no começo dos anos 2010. Ainda me lembro da minha familia digitando como se estivesse usando uma máquina de escrever. O primeiro computador da família foi um Pentium 100-MHz, com 6MB de RAM, HD de 1.2GB e modem externo de 28.8 kbps. Ele rodava o Windows 3.11, depois foi atualizado para o Windows 95.
Até onde lembro, sempre fui quem consertava qualquer problema no computador. Quando tínhamos dificuldades com a Internet, também era o responsável pelo suporte técnico. Até se o mIRC engasgava, era eu quem conectava o programa nos servidores certos.
Por isso, meu interesse em computação surgiu quando eu estava escrevendo scripts para o mIRC, um programa de chat que usávamos antes do ICQ ou do MSN Messenger. Talvez tenha sido pelo fato dos meus pais terem comprado um computador quando eu era criança que fiquei interessado e acabei fundando uma empresa de tecnologia.
Dos “tijolões” aos smartphones
É claro que minha familia também sabia pouco sobre cibersegurança. Trabalhando nessa indústria, eu sei muito sobre as ameaças existentes e decidi ensiná-los sobre essa área, que é tão necessária na vida moderna quanto difícil de entender para aqueles que não nasceram com a internet em suas mãos.
Não foi fácil, francamente, e explicar coisas que pareciam básicas e óbvias para mim exigiram muito tempo mais com tempo eles começaram a entender as coisas.
Em algum momento, já eram quase profissionais em analisarem se a mensagem do WhatsApp recebida era real, ou uma tentativa de phishing e até mesmo, se os links na mensagem eram uma ciberameaça.
Minha familia até começou a informar seus amigos sobre campanhas de malware e phishing, embora ele enfrentasse as mesmas frustrações que eu já tive: seus amigos ficavam bastante confusos sobre o que ele estava falando. Eles sabiam que precisavam de proteção antivírus para seus computadores – e só.
Lições aprendidas:
- Você vai precisar ser paciente e explicar coisas básicas para sua familia.
Mas faça isso. Afinal de contas, eles te criaram e ajudaram você a se tornar quem você é. - Explicar ciberproteção para os mais velhos é importante, e apenas instalar um antivírus não é o suficiente. Comece com os básicos, mas explique o que devem analisar para detectar ameaças, especialmente de phishing (seja vishing, smishing ou qualquer outra coisa).
- Comece com os básicos, antes que seja tarde. Novas tecnologias podem ser acolhedoras para eles.
É questão de paciência
No fim, percebi que inserir minha familia no mundo da tecnologia e da cibersegurança não foi tão difícil. É tudo uma questão de paciência e tempo para explicar como as coisas funcionam e o que deve ser feito para evitar ameaças online.
Não basta apenas dar dicas de segurança tecnológica. É mais importante ensinar como os dispositivos atuais podem ajuda-los no dia a dia. Tomou um tempo considerável, mas funcionou e eles podem apreciar agora muito mais.
Agora estou ensinando como usar os dispositivos inteligentes domésticos que instalei em casa. Eles estam amando!
Lições aprendidas:
- As pessoas precisam estar confortáveis com a tecnologia antes que elas possam amá-las e explorá-las por conta própria. Cabe a você apoiar as pessoas em suas vidas digitais e ensiná-las até este ponto – e além – porque você é um nativo no mundo digital, e eles são novatos.
Como educar pais digitais
Seus pais podem ter dificuldades com a tecnologia em silêncio – e eles têm suas razões –, mas para mim esse foi um momento decisivo. Meus pais me criaram para ser quem eu sou hoje. Agora era minha vez de ajudá-los, e com a tecnologia era algo que eu poderia ajudar.