LENDA DA SENHORA DO FARO – VALENÇA
Conta-se que os valencianos quando pretendem invocar a padroeira celeste, lançam o seu olhar para um majestoso monte que os fascina pela beleza e pelo mistério. Lá, berm no alto, olham o mundo pela paisagem sempre bela e fresca do rio Minho, serpenteando até ao mar.
Porém se o monte e a paisagem que desvela, inebria o olhar, o que mais atrai é o Santuário da Senhora do Faro. Ali colocaram a mãe de Deus, os frades de Ganfei para abençoar a terra que está a seus pés e as águas que lá nascem em minas abundantes e puras, a que o povo pôs o nome de “minas dos frades”. Qualquer valenciano se orgulha da proteção da Senhora do Faro.Aconteceu em determinado dia, que um homem daqui natural, tendo-se deslocado para terras de África, lá ficou cativo dos Mouros. No meio das paisagens agrestes e secas, sujeito à escravatura mais vil, o homem desfalecia de dia para dia. Agrilhoado pelos pés, privado de todas as coisas e tendo, ainda, de suplicar diariamente por um pouco de água, desesperava aquele homem pela sua terra e pelas águas puras da mesma. Muito se lembrava da Senhora do Faro.
Uma noite, devotamente, encomendou-se à proteção daquela Senhora, suplicando para que o auxiliasse em situação tão difícil. E durante estas preces o nosso homem adormeceu.
Uma brisa fresca e um barulho de água a correr, que lhe eram familiares, acordou-o. Era manhã e os pés ainda se encontravam agrilhoados, mas o local já não era África do seu sofrimento, mas sim um monte, que logo reconheceu ser o Monte de Faro, a sua Terra! Naquele preciso momento o homem percebeu que tinha sido atendido pela Virgem Mãe de Deus! Agradecido à Senhora do Faro, deixou. em memória do milagre que recebera, o grilhão que carregara nos pés, pendurado na capela da sua salvadora.
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(Baseado in “Lendas do Vale do Minho”, by CAMPELO, Álvaro, Associação de Municípios do Vale do Minho, em Valença, ano de 2002, página 175)
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Pesquisa e adaptação de
TEIXEIRA DA SILVA, AJ
Gondomar, Porto, Portugal
