O testemunho de Maria nos fortalece para trilhar este caminho de ternura

Jesus Cristo se manifestou pequeno e pobre, nascendo em Belém, povoado simples e só aparentemente sem importância, pois “Tu, Belém, terra de Judá, de modo algum és a menor entre as principais cidades de Judá, porque de ti sairá um príncipe que será o pastor do meu povo, Israel” (Mt 2, 6). Tomou as vestes da simplicidade, manifestando o maior poder de Deus, que vai ao mais profundo das realidades humanas, para resgatá-las em seu amor.


Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Chamado “Filho do Carpinteiro” José, aprendeu, ele mesmo, uma profissão humana, trabalhador manual, para que as atividades humanas fossem reconhecidas em sua inigualável dignidade. Nele, todo trabalho humano feito com amor é reconhecido como contribuição na edificação do Reino de Deus. Nazaré foi seu ambiente de crescimento na infância, adolescência e juventude, com tudo o que significa convivência sadia, pois se fez igual a nós em tudo, menos no pecado. Foi tão parecido que seus concidadãos se admiravam pela sabedoria com que agia e falava (Cf. Mt 13, 54-55), tudo vindo de dentro, do amor infinito, que é só de Deus, e ele é Deus!

Mãe Maria, ele a teve única entre todas as outras, preparada pelo Pai do Céu para ser santa e imaculada. Numa pessoa, feminina em sua doçura, mulher forte, experimentada na provação, formada nas estradas que foram de Nazaré a Belém, ou passaram pelo Egito, peregrinaram a Jerusalém, foi solícita em Caná e capaz de se fazer discípula do próprio Filho. Declarou-se escrava e aí estava a sua felicidade, sua bem-aventurança. Na hora definitiva da obra de salvação realizada e merecida pelo Senhor Salvador, estava de pé junto à Cruz, colaboradora do Redentor. O amor que perpassou seus pensamentos, palavras e gestos, conduziu-a ao testemunho do derramamento do Espírito Santo no Pentecostes, ela que fora envolvida com a sombra do mesmo Espírito, para a Encarnação do Verbo de Deus. Não fez “grandes” coisas, pois estas foram feitas por Deus em sua história (Cf. Lc 1, 46-49). Sua vida é apenas e tão somente ser a Mãe do Belo Amor, e o tudo de Deus se realiza em seus passos.

Um dia bonito raiou no Rio Jordão, quando sol, água, vozes, pomba, tudo comparece para que se inaugure o ministério da vida pública de Jesus, amor de Deus feito carne, Filho amado a ser acolhido e ouvido. Testemunha-se ali a revelação da Trindade! É o amor que circula entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. É a humanidade que em João Batista se inclina e quer deixar-se batizar na nova e definitiva torrente que brota do Céu. É o amor de Deus que se derrama, pelo Espírito Santo que nos é dado (Cf. Rm 5, 5).

O Messias foi aguardado com ansiedade por muitos séculos. Era o desejo profundo da plena comunhão entre o Céu e a Terra! Só que muitas pessoas o imaginavam poderoso nas batalhas, violento para destituir os opressores! Neste sentido, Jesus decepciona tais expectativas, porque chega num jumentinho, montaria dos pobres, ao invés dos garbosos cavalos dos vencedores das guerras, ou dos dominadores enriquecidos pelo butim dos povos conquistados. Ele vem como o Rei da Paz, aparentemente termina sua missão no fracasso da morte e anunciou apenas o amor que realizou. Venceu a morte, sim, mas sua ressurreição só é conhecida através do testemunho! Com ele só se pode estabelecer relacionamento através do caminho da fé, que significa confiança gratuita e absoluta e conduz ao amor livre e decidido entre Deus e os homens e as mulheres que criou e entre estes, na reciprocidade do dom e da ternura.

Foi muito difícil para os discípulos de Jesus chegarem à compreensão dos segredos do Mestre. Por três anos brotaram muitas interrogações em seus corações, pelo fato de serem também herdeiros da expectativa do Povo de Israel. Uma delas é a pergunta a respeito do “seu” mandamento, com a qual pretendiam penetrar no mais íntimo do coração do Senhor (Cf. Jo 15, 9-17). Não lhes revelou qualquer fórmula mágica para os problemas

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