Existe uma diferença entre conhecer a trajetória e caminhar pela trajetória.
Às vezes, caminhamos de forma mais genuína pelas trajetórias que não conhecemos, seguindo as pegadas do coelho branco.
Como vai ser quando chegarmos lá, do outro lado do isolamento?
Protestos pela volta das reformas?
Um novo PAC Pró-Brasil?
Pedidos de impeachment?
Miniciclos sucessivos de stop & go?
Ninguém sabe.
Depois de um grande extremo, só conseguimos enxergar outros cenários extremos e improváveis.
Pois eles levam a história para lugares definidos, sejam eles bons ou ruins.
No entanto, a maior parte da história é passada no meio do caminho, em algum ponto entre extremos onde quase nada acontece, país sem maravilhas.
Uma extensa guerra fria, cisnes brancos e cinzas passeando a esmo pelo lago de bordas infinitas.
Não seria surpresa, portanto, vivenciarmos os próximos meses e anos sem que nada construtivo aconteça.
Nenhuma ajuda vinda de fora.
Apenas nós convivendo com nossos próprios problemas, em um longo enredo desprovido de clímax.
O que acontece quando nada acontece?
Por enquanto, estamos demasiadamente mergulhados no coronavírus para pensar se a conjuntura mudou.
De um mundo onde certas coisas aconteciam (2016-2019), pulamos de repente para um mundo que nada acontece.
Muitas discussões , muita ideologia, zero pragmatismo.
Todas as razões foram jogadas para escanteio: reequilíbrio, choque de ideologia…
Essa é a nossa realidade. Quem não conduz é conduzido.
Hoje o mundo e potencialmente alheio, que carrega mais riscos.
Ainda que você não queira correr riscos, não há como evitar.
Somos todos arriscados por aqui.
Eu sou arriscado, você é arriscado.
Digo apenas que talvez não dependa mais de nós, não dependa mais de esforços e méritos intrínsecos.