A NOSSA SENHORA DO CASTELO, BREVE RESENHA HISTÓRICA
A Ermida da Nossa Senhora do Castelo.
Na serra da Nossa Senhora do Castelo existiu em tempos, num longínquo passado, uma povoação de origem Lusitana, cujos habitantes, mais tarde, dali saíram, para se estabelecerem no sopé da serra e nos vales circundantes, onde construíram novas habitações, que se espalharam por lugares tais como: – a Fonte do Púcaro, Raposeiras, Quinta da Cerca, Quintas dos Vales de Mouros, etc…
Depois, durante o domínio Romano ou dos Godos, ergueu-se no cume da mesma Serra um Castelo, construído pelos Romanos ou pelos Godos, cuja fundação, erroneamente, é atribuída aos mouros.
Esse Castelo foi tomado pelos mouros depois de 711, quando estes ocuparam a Península Ibérica, e mantiveram-no na sua posse até à reconquista Cristã, sendo o seu Alcaide mais conhecido, um mouro de nome ZurãMais tarde, depois do Castelo ser reconquistado pelos Cristãos, havendo junto dele uma Mesquita, transformaram-na num templo Cristão, dedicado ao culto da Santa Maria do Castelo.
Esta é uma breve resenha histórica da origem da ermida da Nossa Senhora do Castelo; mas, quando é que o culto Cristão foi de facto estabelecido naquela ex mesquita?
Muito provavelmente logo a seguir à Fundação da Nacionalidade, por ser então o culto à Virgem muito fervoroso, do qual foi exemplo El Rei D. Afonso Henriques, que o evocou em vários Santuários.
A ermida original situava-se numa casa ao lado da chamada residência do ermitão, tendo do lado norte um penedo alto e toscamente cortado, sobre o qual se ergueu um campanário simples, cujo sino foi colocado no lado norte da torre da ermida actual.
Esta ermida foi-se arruinando com o passar do tempo e foi necessário reconstruí-la, conforme diz Frei Agostinho de Santa Maria, no seu Santuário Mariano, em 1717, um século antes da última reconstrução da Ermida, concebida e levada à execução pela Casa de Anadia, na sua forma arquitectónica actual:- “Querem alguns, que a Casa da Nossa Senhora do Castelo fosse uma antiga Mesquita de Mouros, antes que se reedificasse, no século XVI e XVII uma nova Ermida, derrubando-se a antiga que, pelo número de anos, estaria quase arruinada”
Ao Santuário da Nossa Senhora do Castelo, vinham sempre as populações da Beira em massa, no dia da festa da Natividade de Nossa Senhora, dia 8 de Setembro, havendo sempre, na véspera, um rijo arraial profano; são estas ainda hoje as datas das Festas da Cidade de Mangualde, 7 e 8 de Set, e julgo ser esse o evento principal que, nessas datas, a cidade comemora, a festa da Natividade da Nossa senhora do Castelo.A população das Beiras tinha muita Fé na Nossa Senhora do Castelo, e a Ela recorriam sempre que tinham graves problemas, com preces e promessas e, depois de recebidas as graças, pedidas e oradas, agradeciam à Santa com ex Votos, quadros de simples e humildes pinturas, com um descritivo do milagre ou graça recebida.
Entre esses ditos ex-votos, destaca-se o oferecido por António Couto, membro da Companhia de Jesus, que apresenta o desenho dum mar proceloso, dum barco de velas rotas e um frade de mãos postas rezando e implorando à Nossa Senhora do Castelo o milagre da sua salvação no mar; tem o ex Voto a seguinte descrição: –
“Milagre que fez a Nossa Senhora do Castelo a António do Couto, filho de António do Couto de Cães de Cima, Concelho de Azurara, na jornada da Índia para o Convento de S. Francisco Xavier, da Companhia de Jesus da Cidade de Goa. Embravecidos os mares, quase todos estiveram perdidos, e chamando-se muito a nossa adorada Nossa Senhora do Castelo, quis ela livrá-los de tamanha ruína, no ano de 1717”
Com os ex votos, muitas ofertas eram levadas à Nossa Senhora do Castelo, tornando-se a Ermida possuidora de muitos bens e dinheiros.
Uma descrição da romaria da N. S. do Castelo, datada de 1758, feita pelo Padre José Rebelo de Mesquita, diz o seguinte:-
“Celebra-se a festa desta Senhora a 8 de Setembro com sermão e missa cantada, saindo da Igreja Matriz uma procissão ornada de muitas moças solteiras, levando à cabeça muitas ofertas de centeio, milho e trigo, linho e dinheiro, que oferecem à Senhora para aumento do seu culto e com elas se incorporam as freguesias da Mesquitela e Cunha Baixa, oferecendo cada freguesia à mesma Senhora, as suas dádivas”
