HCG NO FISICULTURISMO E MUSCULAÇÃO

O HCG (Human Chorionic Gonadotropin), pode ser traduzido para o português como Gonadotrofina Coriônica Humana.

A Gonadotrofina Coriônica Humana (HCG) é criada naturalmente pelo corpo da mulher no tecido trofoblástico. Esse tecido é encontrado no órgão extra-embrionário, que irá se fundir mais tarde para formar a placenta, esse é um processo envolvido com a gravidez e gestação[1,2].

Como curiosidade, podemos encontrar o HCG batizado popularmente como “hormônio da gravidez”, pois é exatamente o HCG que os testes de gravidez tentam encontrar na mulher. Quando ele é encontrado, o exame aponta que a mulher está no início de uma gestação[3].

Em 1920, foi anunciada a descoberta do HCG[4], mas ele só seria relacionado com a gestação e batizado como “hormônio da gravidez”, oito anos depois[5].

Podemos dizer que o HCG é uma glicoproteína composta por uma sequência de 244 aminoácidos, ele possui uma subunidade-β (βhCG) e uma subunidade-α (αhCG). Sua subunidade-β é única, mas a sua subunidade-α, possui 92 aminoácidos idênticos ao LH (hormônio luteinizante)[6,16,17].

No corpo de um homem adulto, o LH (hormônio luteinizante) está envolvido com a produção de testosterona, pois o LH é o responsável por estimular as células de Leydig do testículo a produzir testosterona.

O LH (hormônio luteinizante) e o HCG, fazem parte do eixo hipotalâmico-hipofisário-gonadal, controlando a maturação e funcionalidade sexual[7].

Os hormônios HCG e LH, compartilham um alto grau de similaridade[7], eles atuam no mesmo receptor (LHCGR)[8]. É muito comum no mundo do fisiculturismo, ouvir coisas como: “o HCG no corpo do homem imita a ação do LH (hormônio luteinizante)”.

Naturalmente no corpo humano, o HCG em algumas situações realmente imita a ação do LH.

Um feto masculino no útero materno, necessita de testosterona em uma determinada semana de gestação para que a sua diferenciação sexual aconteça. É exatamente neste ponto, que o HCG cumpre uma de suas funções (imitando o LH). O HCG serve de estímulo fetal nas células de Leydig do testículo durante a gestação, para que haja no feto masculino uma produção precoce de testosterona[7,14,15].

Essa similaridade entre o HCG e o LH, deu a indústria farmacêutica a ideia de criar um medicamento a base de HCG para ser usado como uma espécie de LH exógeno.

A gigante farmacêutica Organon, aproveitou essa ideia e introduziu no mercado em 1931 um medicamento a base de HCG chamado Pregnon. Depois disso, vários preparados medicamentosos a base de HCG para uso humano foram introduzidos nos EUA com o passar dos anos[6].

Podemos dizer que o LH (hormônio luteinizante), é um hormônio presente tanto no homem quanto na mulher, mas ele cumpre tarefas distintas em ambos os sexos.

A parte que mais nos interessa nesta matéria, é a ação do LH no corpo masculino. Para isso, vamos resumir a função do eixo HPTA (hipotálamo-pituitária-testicular) do homem.

O eixo HPTA no homem, tem como uma de suas funções a produção de testosterona. O eixo se inicia no hipotálamo com a liberação do hormônio GnRH, que estimula a liberação do LH (hormônio luteinizante) na pituitária. O LH é transportado até os testículos onde irá estimular as células de Leydig a produzir a testosterona[9].

Percebam que o LH é de extrema importância para o homem, pois sem ele, o testículo não pode produzir testosterona.

Quando o homem faz uso de um ciclo de esteroides anabolizantes visando crescimento muscular, pode haver uma supressão do eixo HPTA, que diminui a secreção do LH e consequentemente acaba baixando a produção natural de testosterona nos testículos[6].

Esse fato comum, que afeta o usuário de esteroides anabolizantes, fez o HCG se tornar famoso em algumas rotinas, como as rotinas de TPC (terapia pós ciclo).

Os moduladores seletivos do receptor de estrogênio (ex: tamoxifeno), bem como o HCG (gonadotrofina coriônica humana), podem ser utilizados para tentar reverter a supressão do eixo HPTA causado pelo uso de esteroides anabolizantes[10].

O conhecido efeito do HCG descrito por literaturas, que estimula a produção de testosterona, também é comprovado por diversos estudos[11,12,13], e não há nenhuma discordância desse fato nos estudos analisados.

Outra coisa muito citada em fóruns e outros sites da Web, é o assunto relativo à dessensibilização dos testículos ao estímulo do LH, quando o uso de HCG é exagerado.

Quando o HCG é utilizado em demasia, ele pode diminuir a sensibilidade das células de Leydig ao LH[6,18].

Fica difícil precisar uma dosagem segura para o uso do HCG em homens com problema de hipogonadismo induzido por esteroides anabolizantes, mas analisamos alguns estudos.

Homens com hipogonadismo hipogonadotrópico, que se caracteriza por uma deficiência de gonadotropina (Gn) com níveis baixos de LH e FSH, são comumente tratados com HCG.

Em um dos estudos analisados por nós, foi citado que a administração inicial de HCG em doses de 1000 a 1500 UI três vezes na semana, estimula as células de Leydig dos testículos a produzir testosterona[19]. Podemos teorizar com isso, que a dosagem de 1500 UI três vezes na semana, não causaria uma dessensibilização dos testículos devido à administração crônica do HCG.

Analisamos também, uma revisão de literatura com opiniões de médicos especialistas, que trata especificamente de hipogonadismo induzido por esteroides anabolizantes. Nesta revisão, eles agem com cautela no uso do HCG, mas citam tratamento medicamentoso com HCG em alguns casos, que pode chegar a 4 semanas de uso, utilizando de 1000 a 3000 UI três vezes na semana[10].

Como dito anteriormente, fica difícil precisar uma dosagem benéfica de HCG para os portadores de hipogonadismo induzido por esteroides anabolizantes, por isso, que independentemente de qualquer coisa, nós alertamos como de costume, que as pessoas tomem cuidado com a automedicação, e a medicação de suporte no caso de um hipogonadismo induzido por esteroides anabolizantes, deve ser prescrita se necessário, por um profissional médico especializado.

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