Avance Story Modern Art
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@storymodernart

Como as pessoas são

Acho engraçado observar como as pessoas são, porque na maioria das vezes, elas sempre dão um jeito de nos surpreender e revelar um lado que a gente nunca imaginava existir.

Tem gente que tá ali do nosso lado o tempo todo, conversa todo dia, chama pra sair, desabafa, ouve, mas chega um momento, quando a coisa aperta pro nosso lado, quando a gente não é só sorriso pra oferecer, que essas pessoas se vão, desaparecem aos pouquinhos.

Muita gente se assusta quando a gente parece fragilizado, com medo, sensível, e, vão se afastando, se fecham, se recolhem, como quem diz: “aqui não. Aqui eu só quero o melhor de você, então resolve aí os seus problemas e me deixa aqui quietinho”.

Tem gente que está no nosso caminho há pouco tempo, nem sabe toda a nossa história, não é muito de falar, caminha assim, devagar, sem pressa. E oferece a mão, oferece descanso, conforto, mesmo que o conforto venha de um silêncio compartilhado.

É engraçado como as pessoas são. Como nos veem e como se mostram. Chegam, se vão, poucos ficam. Todos se transformam.

Já relutei muito pra entender algumas ausências, afastamentos. Já me questionei sobre pessoas que chegaram: “até quando vão ficar?”. Hoje, vejo de forma mais leve. Quem quer ir, vai. Quem quer ficar, fica. Tudo é passagem. Por mais que doa, a gente tem que entender.

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Você se ama o suficiente para amar alguém?

Sempre soube que o amor não se tratava apenas de atração física, isso é conhecido por outro nome: tesão. Amor é mais pra cima, bem depois das borboletas do estômago e do coração que apanha, acontece na nossa cabeça, mesmo a gente achando que não. Tem mais a ver com respeito e cumplicidade, do que com qualquer outra capacidade que os gurus do poliamor e do óleo de coco pregam por aí como infalíveis.

Dia desses, em uma sessão de terapia, minha Psicanalista me fez refletir sobre a questão, logo eu, um cara intenso que adora viver relacionamentos ao maior estilo novela mexicana. Assim que me acomodei no sofá, e comecei a revirar todos os incômodos da minha cabeça, ela arrumou os óculos e fez a seguinte pergunta:

– o que você espera de um relacionamento?

Na hora, minha mente deu tela azul, mas consegui responder de maneira clichê, com esses adjetivos que procuramos para justificar nosso próprio conto de fadas.

– Ah, sei lá.. quero ter alguém que se sinta bem ao meu lado, que tope conversar com a minha mãe sobre novelas, mesmo que não entenda, que me apresente novas músicas, lugares e gostos, que eu possa admirar pelas qualidades, não julgar pelos defeitos, e, principalmente, que seja recíproco.

Até aí tudo bem, todo mundo é meio assim quando vislumbra o amor de um namoro, ou sou só eu a exclusivona encantada? Não, né? Espero que não.
Emília sorriu, fez sinal de positivo como rosto. Em seguida, soltou uma bomba nuclear no meu colo:

– Ok. Agora, quero saber quem é você em uma relação amorosa? O que você entrega para a outra pessoa?

Eu? Como assim eu?

Ela cutucou uma ferida que nem eu sabia que tinha. Então, respirei fundo, enquanto a boca estava vazia e os olhos começaram a encher e comecei:

– Eu sou cara legal, sabe? Carinhoso, adoro dormir abraçado, contar piadas ruins, fazer surpresas e escrever bilhetinhos pra deixar escondidos. Topo uns rolês de mochila por aí e também ajudo a lavar a louça, compartilho minhas músicas e os meus medos. Cuido, mando mensagem de bom dia e boa noite, pergunto como foi a rotina e adoro escutar todos os desabafos possíveis, de filas intermináveis a picuinhas do trabalho.

Assim que terminei, ela justificou:

– Percebe quanta coisa boa você tem?

Balancei a cabeça positivamente e me senti aliviado, de certa forma.

Por quê?

Porque só assim consegui perceber quem eu era, e como deve ser legal namorar alguém parecido comigo. Obvio, não sou perfeito, tenho minhas falhas, iguais e diferentes as de todo mundo e tá tudo bem, o mais importante dessa conversa, foi compreender que, apesar de todos os términos, eu ainda fiquei comigo, com o carinha descrito parágrafo anterior e ele também pode ser assim com outra pessoa, desde que ela queira, caso contrário, ele sabe se querer sozinho.
Pra terminar, se tu chegou até aqui, proponho faça o exercício de perguntar a si mesmo:

– Quem eu sou em um relacionamento?

Às vezes, não conseguimos enxergar o quão incrível somos. De tanto olhar pra fora, esquecemos de ver o que acontece por dentro, e não se trata de sermos perfeitos, mas de sermos únicos e fundamentais para a nossa própria felicidade.

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Conta comigo

Mesmo que a vida esteja triste, vou dar um jeito de fazer ela sorrir para você. Pois assim caminha a humanidade enquanto não se torna unidade. Talvez o que outra pessoa saiba, eu não entenda nessa idade, mas que possamos caminhar com o único objetivo de nós descobrir de verdade.


Conta comigo. Eu vou ouvir, mesmo que você esteja só de passagem. Não quero que você me guarde apenas como uma boa imagem, mas como alguém que soube te passar uma mensagem. Se não acontecer, tudo bem. A vida sempre tem um jeito de dar um arremate.

Conta comigo se você precisar de uma massagem. Uma daquelas bem relaxantes depois de um dia de desgaste. A gente estende isso para um café, conversa até mais tarde e… Quem sabe? É. Quem sabe?

Você pode contar comigo e com a minha amizade. Não tô mais afim de ser aquela pessoa que se protege temendo pela próxima maldade. Acho que isso não é digno de uma pessoa que nunca entendeu o porquê das outras viverem pela metade.

Eu sou diferente. Sou alma, sou espírito, arrepio, sou pulsação, eu sou carne. Mas por favor não confunda isso com seus instintos primitivos, pois eu não estou pronta para o abate.

Conta comigo, não porque eu sou só diferente, mas porque o que eu mais quero é deixar as minhas certezas te iluminarem. E se nós dois não soubermos de algo, deixaremos “eles” duvidarem.

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Sou a lembrança do que poderia ter sido

Sou o excesso que não cabe em coração nenhum. Sou a felicidade extrema e a tristeza profunda. Sou confusão, turbulência e por fim, solidão. Sou a que dizem entender, mas nem eu me entendo. Sou puro sentimento. Sou a chegada calorosa e a partida doída. Não sei ser despedida.

Sou densa, tensa, intensa e cada vez mais sozinha. Ninguém fica. Ou não deixo ou não querem. Sou histórias inacabadas e amadas por cada pedaço meu. Sou a saudade de quem se foi e a lágrima que escorreu.

Sou drama, carência e inquietação. Sou eu, sou você, sou feita de retalhos de quem conheci. Sou amor da cabeça aos pés. Sou fé. Não sou metade. Transbordo. Sou as promessas não cumpridas e as ilusões que me deram. Sou o encontro perdido por excesso de amor. Sou estrada, espinho e pluma. Sou um par de asas que enraizou.

Sou a eterna lembrança do que poderia ter sido e a curiosidade do caminho não seguido. Sou olhares e mãos dadas. Sou abraço sem tempo de soltar. Sou quem procuram quando estão sozinhos e que deixam quando me sentem transbordar.

Sou o fundo do oceano e o céu azul de setembro. Sou o frio por fora e calor por dentro. Sou tanto, sou sempre, “soul” e não sei não ser. Eu sou o olhar que ri e o sorriso que chora. O abraço que conforta e o aperto de mão que se desfaz em “adeus”. Sou o sono perdido, o coração cansado, o espaço entre o que fui e o que serei. Eu sou.

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Eu olhei a morte nos olhos e sorri para a vida

Hoje eu olhei a morte nos olhos. Ela me olhou de volta, fixa e atentamente. Com certeza ela sentiu o meu medo e, confesso, por um minuto – ou algumas horas – eu me intimidei.

Olhei a morte nos olhos e pensei “por que não?” Ela parecia tão bonita, tão sedutora… O fim parecia uma boa ideia, sabe? O fim da dor, do sofrimento e das preocupações. Dizem que quando a gente encara amorte, a vida passa diante dos nossos olhos. Spoiler: é verdade.

Foi uma noite dura. Eu vi a morte flertando com outras pessoas também.A filha da puta é envolvente, mas entendi que não é a solução. Tá foda, mas tá pra todo mundo, saca?

Hoje o sol não saiu, mas eu sei que ele tá lá em algum lugar e logo vai aparecer. É aquela velha história que “pra todo fim existe um recomeço”.

Ela vem tentando me seduzir faz tempo, mas eu escolhi ser fiel a mim.

Eu olhei a morte nos olhos e disse: hoje não, hoje eu escolhi viver. E é assim que vai ser todos os dias. Foi assim que eu escolhi seguir: olhando a morte nos olhos e abraçando a vida.

E se me perguntarem, amanhã eu vou dizer a mesma coisa.

Hoje não, hoje eu escolhi viver.

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